Pular para o conteúdo principal

SEM FINAL

que desejo jaz nas gavetas,
a espera de um dia se encontrar
as coisas dadas por perdidas?

que mar não foi conquistado,
adormece sem marés ou estrelas
em terras ainda a descobrir?

que gemidos fechados na casa,
vão a se desfazer em poeira 
enquanto a esperança anoitece?

quantos olhos postos à janela,
vigiam os pássaros de sonhar
que o tempo engoliu nos ninhos?

que danças ficaram no salão,
sem que se pudesse concluí-las
antes do chegar o Armagedon?

que castelos foram tragados
nas mãos imprevistas das ondas
antes de se poder inventá-los?

que vidas foram suspensas
como semente em um solo árido
e a poeira é tudo que resta?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.