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Mostrando postagens de junho, 2014

DISSONANTE

Me perdi em rimas palavra, no entanto, é além de harmonia ou suposto ritmo, Quero uma não-rima que não disfarce seu gume, e se dê à tenaz do conflito, A rima dissonante do contrário, avesso da exceção à regra do antagônico,             Selva do obsceno alegoria de silêncios assimetria destituída de acento tônico, Que não me abrevie mas aflore o sumo em fogo, flor na brasa do assomo, Flauta mágica, noite e gesto de fantasma que se faz ouvir... - e não sei como.

ARTIFÍCIO

Sobrevivo às intempéries à forja ao vulcão ao vento duelo em mim transverso e a lâmina fere o ausente, Sem me esquivar do fogo nem da razão, reconheço o combustível e a matéria é queimar-se o que sente, Embora feito rocha diluída é só um desejo que segue de não haver-se completo e do vazio revolto em tudo, O farol perdido no oceano investe contra a escuridão mas sem ter como traduzir seu mistério, põe-se mudo.

MAPA

Perdi meu tempo em dar voz a silêncios que se escondem, Esse ruído incerto que vem de um lugar mas não sei onde, E tudo o que ouvi perdeu-se no espaço uma porta fechada, Nem resta o mapa indicando o caminho que levou ao nada.

SONHO DE PEDRA

A árvore desfolha silêncios no lápis do vento, A nuvem ensina caligrafias de ler sonhos, O rio escreve de amanhãs se indo embora, Os pássaros tecem a vida em frases de ninhos,                    A montanha é livro aberto de saber as eras, O lago aprofunda os céus na página do mundo... É humana essa inquietação de exprimir o que não tem linguagem, A escrita das pedras é sono de inexistir palavra.

DEGREDO

Engulo os postulados de nada saber minha ignorância é carcaça à deriva num mar imprevisto,   Sigo as estrelas que me furtam os olhos e a palavra                               em fel e salitre funde árias que oculto, Vencido, desterrado na lua refugio espantos se a lei me ferir os segredos, esqueço... - à deriva vou mais livre.