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Mostrando postagens de novembro, 2013

POEMA EM LINHA SETA

Me falta a decisão do instante me falta a jugular do perigo “tantas vezes reles, tantas vezes porco” me falta a fartura do nada me falta o confluir dos rios tantas vezes gasto o equívoco consolo me falta o absurdo do simples e quanto me falha uma curva para num imediato trespassar essa reta me falta o começo de tudo me falta o espinho da aresta pôr um alvo à vista e se perder a seta... Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Fernando Pessoa

RAVENA

       Os olhos tristes jamais sorriam, seu coração esqueceu-se de como eram os trigais ao entardecer. Um rio de nuvens cinza chovia ausências em sua casa. Ao longe, os pássaros do tempo erguiam-se nos espaços, espectros de sombras transparentes.        Cada lâmpada acesa consumia o azeite das esperas, e a escuridão dançava brasas negras sob a luz da lua. Alguém pronunciou seu nome, de um lugar paralelo ao mundo, onde os espelhos se afundam em lagos de vidro.        - Ravena, já se aproxima o dia...         Os seres mágicos cantavam na aurora, e ela percorreu as escadarias da madrugada, para abrir de leve a janela da sala. Seus passos vacilam até alcançar os frisos, o brilho dourado raia no horizonte.        Não houvera tido visão tão bela, o medo se dissipava com o dia a nascer, os olhos se encheram de uma sensação nova, um aperto em seu peito lhe doía, as palavras em sua alma se perdiam em vazios, e finalmente, ela as compreendeu e sorriu.

QUASAR

já recitei ao vento a minha homilia do nada meu templo é a vida, quem me segue voa com as asas que ofereço tenho olhos que raiam, renasci de morrer em mim mesmo a tudo que não esteja vívido,                     o meu segredo lavro minas descobertas em mistérios, e paixão,                                                                                           não sei de princípios bebo uma revolta afiada que não cede palavra, o que tenho de céu salvo da vaga liberdade que me expropriam, um sem sentido me conduz às esferas e, se não há respostas... no absurdo sonho o lugar sem fronteiras onde toda a alma pulse.

CURTA-METRAGEM

Folheio um volume das esperas em lugares onde a poeira derrui a solidez das horas, E nada estabeleço de arquivos em suspenso, ou das miragens que saltam das paredes, Na tela, a Gioconda tergiversa o sorriso, e divide-se o abismo de demarcar ilusões;                      Paciência é um barco no limiar do naufrágio, ouço o temporal de uma tarde detida, Às vezes, existir é tão incerto quanto o corte nesse estigma de revirar significados, Então, deflagra o som marcial e se ouve a batida monocórdia de lutar um coração.  

DESORDEM

Quem diria que guardava tantas coisas sem atentar na inutilidade delas, Despedaço e me rescindo de papeis dicionários e pó a mancha nos óculos, A última fatia de traduzir o ideograma da rendição no rasgo de esperança,                           Protestos, contas a pagar os prognósticos da loteria cansaço de germinar... Antares fica além, e Vega nem avalio, penso viagens na mira de astrolábios, Um besouro voa ao lado, dos objetos que preservo esse, é o único livre.