Me falta
a decisão
do
instante
me falta
a jugular
do perigo
“tantas vezes reles,
tantas vezes porco”
me falta
a fartura
do nada
me falta
o confluir
dos rios
tantas
vezes gasto
o
equívoco consolo
me falta
o absurdo
do
simples
e quanto
me falha
uma curva
para num
imediato
trespassar
essa reta
me falta
o começo
de tudo
me falta o
espinho
da aresta
pôr um alvo
à vista
e se perder a seta...
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Fernando Pessoa
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