Pular para o conteúdo principal

RAVENA



       Os olhos tristes jamais sorriam, seu coração esqueceu-se de como eram os trigais ao entardecer. Um rio de nuvens cinza chovia ausências em sua casa. Ao longe, os pássaros do tempo erguiam-se nos espaços, espectros de sombras transparentes.
       Cada lâmpada acesa consumia o azeite das esperas, e a escuridão dançava brasas negras sob a luz da lua. Alguém pronunciou seu nome, de um lugar paralelo ao mundo, onde os espelhos se afundam em lagos de vidro.
       - Ravena, já se aproxima o dia...
        Os seres mágicos cantavam na aurora, e ela percorreu as escadarias da madrugada, para abrir de leve a janela da sala. Seus passos vacilam até alcançar os frisos, o brilho dourado raia no horizonte.
       Não houvera tido visão tão bela, o medo se dissipava com o dia a nascer, os olhos se encheram de uma sensação nova, um aperto em seu peito lhe doía, as palavras em sua alma se perdiam em vazios, e finalmente, ela as compreendeu e sorriu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...