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Mostrando postagens de dezembro, 2017

DESPERTAR

Sempre havia uma forma de pular no rio, de pegar a nuvem de inverter as coisas, depois dormir, então, catar no silêncio do lago isso que emerge quando se escuta umas não linguagens mudas de sentir; Sempre havia um jeito de mudar o mundo, comer a fruta colhida na lua, viajar numa estrela, então, recomeçava o dia mesmo que fosse a mesma história e nem mesmo sonhos pudessem detê-la; Sempre havia aquela fenda na fresta da porta, ou no telhado no escuro da vida, e essa esperança, como se tudo feito mais leve domasse a tristeza, fel desse mundo e tudo em nós acordasse mais criança…

DIVAGAÇÃO

sob o juízo do provável toda vida seria triste desse caráter da tristeza que a tudo impõe o vinco e fere o que há de leve, mas não me fio apenas nesse lado do controverso pedregoso e duro caminho que é o de manter-se vivo com um mínimo de sentido, nem também me privo da experiência de ousar para além das imposições a liberdade que se busca contraditória, ou não, não precisamos contar seja da vida, ou do ser qualquer coisa ordinária que não nos seja vivida de experiência própria, cada um de nós carrega por imposição, e destino porções fartas dessa dor mas também uma teimosia de enfrentar o que vêm, tristes por condição sonhadores por pretexto guiados pelo imprevisto damos ao norte inevitável o que nos é determinado, então, se a lua submerge as montanhas envelhecem ou nuvens se transfiguram o sem fim mostra o caminho pelos desvios da poesia…

CORRENTEZA

vezes sem conta me lancei à fogueira e revivi entre logros arbítrios e promessas parte do que sou, arder em meio às chamas, vezes sem conta fui crer no possível agarrado ainda à ideia de um apego insone de olhos fixos num céu desfeito em cinzas, by Ismael Nery vezes sem conta me dei a expor no museu de retalhos e despojos pérolas colhidas em vão de sonhos tornados pó nas areias do deserto, vezes sem conta fui a voz do silêncio a bradar pelos confins e deixei pegadas, suor nesse incansável seguir a insistente espera, vezes sem conta ouvi a voz do vazio a me mandar calar preces que não ousava dizer sem ferir o solo sagrado com a ânsia do desejo, vezes sem conta me entranhei do mar e no pleno do submerso envolto à correnteza nada há que me separe disso que em mim foge.

FRAGMENTADO

o corpo fragmenta-se poeira letal como a faca que apara vindima, sangue, e delírios, o corpo se parte e desfibra tessitura de átomos em voar num transpassar de artérias, o corpo incorpora a voragem em conjuras, e em alquimias brasas na chama que hiberna, Torso de Belvedere o corpo se retrai, e lateja deglute rios e bebe espaços em estações de gerar a flor, o corpo é de trilha incerta no desenho da irregularidade tangenciando a pele do caos o corpo se regira e inverte dispõe elipses, quadraturas na geometria do indecifrável, o corpo se nega à fronteira e aos somatórios do infinito que ao sem medida reivindica, o corpo prepara sua casca a forma que ao todo reúne o contínuo sopro da criação, o corpo desintegra certezas para abrir as portas da asa em que se conectam os sonhos…

O OLHO DO TIGRE

não tenho a chave de mim mesmo enquanto isso, desafio que o tempo me mostre as palavras que não sei para além do que seja o ponto final; preciso de assombros e tempestade de outras formas de revestir o físico e de uma gradação próxima do éter ou outro sentido que isso possa ter; inauguro em inventários de opostos as cicatrizes que sangram alquimias os subterfúgios de dividir-se em um a transfiguração plena de realidade; o olho do tigre diante da sua presa as batalhas que ainda não renunciei o espaço vazio do que calculava ser tudo é parte, indivisível, do que sou.