Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2013

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna

JANELA

me sento no chão de estrelas para escrever o que não vejo da janela vejo a rua, pessoas mas o que ansiava, não vejo; o que nesse instante se passa de nada sei, embora continue nessa insistência de procurar enquanto um rio de coisas flui;   o que houve de amores e não o que existe que mate a sede? qual mar me surgirá dessa vez ao lançar novamente a rede? desperto num céu de estrelas com o pretexto de ver sentido no dia comum - e pela janela, deixo-me a imaginar comigo; o que vejo em mim de incerto      de outro ponto é que observo, onde o mundo que reconheço à indefinição sempre reservo. 

SONETOS

DE MOMENTO Nas asas partidas do cata-vento Deixei o rastro de estrelas e sóis Arrastar-se ao céu de cordilheiras Para depois sufocar em arrebóis Réstias de luz faíscam em nuvens Que mal se ocultam na fantasia E surge do nada uma inspiração A agitar no amontoado dos dias O que faço para entrar no recinto Se não trago a chave da cantiga E não mais que versos pressinto? Como ondas invisíveis de um mar Que de uma ponta a outra se liga Ao momento que sigo a navegar... DE DEVANEIO                                                                                                              Examino qual espaço será esse Que vejo e não encontro o fim Penetro o azul, às vezes o vítreo A se afastar em redor do jardim Se bem me recordasse é o mar Submerso pelas aleias do tempo A transcorrer em si as distâncias De levar os mistérios por dentro Numa estação sem chegar ou ir A guardar estrelas que vão cair... Talvez se disfarce pe

DISFARCE

Me arrasto dos pontais da lua Ao fio dos meus pensamentos E estrelas que ainda não vejo Riscam o céu que me ausento, É dessa imprecisão que aflora E além dos arcanos se esconde O motivo do silêncio das horas Um lugar que não se sabe onde,                                                                                                    O barco vai quando amanheço Regressa no levante de nascer Além da trilha de encontrar-se, Adensa o cristalino, e o avesso No fragmento que contém o ser E jamais revela do seu disfarce .

INVENÇÃO

passageiro do incerto sigo a trilha de não sei quanto sentido buscar, um dia adiante do sol um mar além de mim é tudo que sei calcular;   trago a rosa, a nuvem dessa vontade carpida ao revés das estações, e aguardo sem pressa nesse caminho indiviso o desatar das paixões; nem o destino encerro nem retorno de tempo ou justiça que afiance, qualquer resposta será a invenção de ser livre quanto mais se avance. 

A CAIXA

O poeta tirou da caixa  Guardada entre palavras Uma parte das estórias  Das que sabia contar Com uma fez mar e céu O sol a brilhar, enquanto Trazia montes, oceanos E cores ao dia branco De outra extraiu a luz Da estrela que incendeia E acendeu pelas noites Uma copiosa lua cheia Das coisas esquecidas Inventou os brinquedos Que ganham vida no ar E escondem segredos Criou magias diversas Outros passos de dança Pássaros azuis, e um jeito De ainda ser criança Fez o paraíso na terra O sopro da eternidade Compôs almas aos pares A estação da saudade Depois de tudo contar De si mesmo deu-se tudo, Restam-lhe as lonjuras De silêncios absurdos...