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SONETOS


DE MOMENTO

Nas asas partidas do cata-vento
Deixei o rastro de estrelas e sóis
Arrastar-se ao céu de cordilheiras
Para depois sufocar em arrebóis

Réstias de luz faíscam em nuvens
Que mal se ocultam na fantasia
E surge do nada uma inspiração
A agitar no amontoado dos dias

O que faço para entrar no recinto
Se não trago a chave da cantiga
E não mais que versos pressinto?

Como ondas invisíveis de um mar
Que de uma ponta a outra se liga
Ao momento que sigo a navegar...


DE DEVANEIO                                                                                                             
Examino qual espaço será esse
Que vejo e não encontro o fim
Penetro o azul, às vezes o vítreo
A se afastar em redor do jardim

Se bem me recordasse é o mar
Submerso pelas aleias do tempo
A transcorrer em si as distâncias
De levar os mistérios por dentro

Numa estação sem chegar ou ir
A guardar estrelas que vão cair...
Talvez se disfarce pela paisagem

Ou é um lugar antes do mundo
No esquecimento que levou tudo
E para o qual os devaneios viajem.

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.