Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março, 2013

APEGO

mais que tudo a ponte e o artificio a gramatura do absoluto e os fragmentos do início mais que tudo a contrafação do espanto os territórios indivisos as substâncias que decanto mais que tudo o imprevisto da estória a iminência dos perigos o jogo de inverter memórias mais que tudo a solidez das armadilhas a palavra atrelada ao limo o vento que o corcel encilha mais que tudo a rebeldia das sobras a prima-dona do Armagedon o transe da última hora mais que tudo a tatuagem dos sentidos a escrita profética das ondas a lâmina de manter-se vivo.

VERBO-METALURGIA

Falo do que não sei mais definir Do que se perdeu entre zunidos Nesse idioma feito de contrários Esfinge de um dialeto esquecido Falo da vida o que devo contar No transe de entornar a aurora Do que foi dissolvido no arquivo E persiste arder do lado de fora Não falo do que vai por dentro A erguer baralhos de esperanças Em castelos que se desmancham  Sob a ventania das lembranças Da alquimia que me transborda Do aniquilamento no qual refaço  Esse crisol que não posso conter Em fundir palavras feitas de aço. 

ALÉM

Untitled by Angelica Antal - via www.pic24web.com já fui jogado ao esgoto mas não me importo da lama colhi flores  das mais prolíferas brotam pelas palavras desse lodo de negrume desse silêncio que semeia entre sangue e estrume tenho asas maiores  que a distância que grito de mim e das coisas não circunscrevo o infinito  não me insiro no pilar que sustente ideia e calafrio nem das alturas dos sonhos presumo um desvio me basta a incerteza   o não sei quê de abrir a porta e ver além das verdades é a única coisa que importa já fui jogado ao esgoto mas não me importo da lama colho as flores que voam por onde as solto.

SOPRO

Dance - by H. Matisse Ouço de um mundo imaginado Os ecos sem rumo que rebentam Por entre ventos a inventar festa De bandeiras a saudar o tempo Quis dançar e no enlevo da vida Tal menestrel do planeta errante Girar nos arcos do sol incendido Entre vestais bêbadas e amantes E contar segredos que não ouvi Suspenso entre a vida e o sonho Livre nas asas da estação que vai Pela brevidade de que disponho Pois o caminho que amanhece Esse que continuará em verdade É o sopro humano que diviniza  E não a duração da eternidade.