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Mostrando postagens de março, 2016

CONTRA-PONTO

no espaço-tempo foco na fonte nua dilui-se a imagem que o olho invade, corpo interconexo alma que convulsa perfume na poeira memórias de jade; o muro transposto asas entreabertas mundos a navegar estrelas sem nexo, abelha rainha nua fada de vendavais sonhar é caminho de rios submersos; espelho lago luas pássaros manhãs cores de inventar beija-flor, dragões, caminhos a esmo borboletas nuvens chuva nas janelas de quantos verões; vem a madrugada no vento a cantiga esculpe o mistério à luz da lua esfinge, e tudo é o começo asa vento sombra e o azul no infinito mar que me atinge… 

TERRA E MAR

pressagio uns olhos dentro desse espelho a alma estrangulada que me olha sem ver; na fervura da cobiça de olhar sem escutar ouço o eco, o abismo e tanto mar a ferver; quando o sol molhar as guelras nas estrelas e os pés no seu sono, talvez o mundo gire noutra órbita perdida, mas não lhe abandono...

NEVER MORE

próximo dos meus braços o abraço que não dei na quilha da minha boca o mar que não naveguei; me disseram palavras e as deixei partir no vazio já não me traz certezas o tempo no leito dos rios; vivi em tantos mundos e o gesto ficou na história me perdi, achei, rebati de que adianta a memória? vem meu pássaro branco diz onde voa essa paz onde se viva de verdade sem corvos de nunca mais...

MERGULHO

se mergulho em mim sou desse mergulho onde afloro e afundo declamo, e borbulho; se mergulho no lodo o lago de sal, o visgo interior do estômago entrelinhas do perigo; voo e mergulho, vou aos abismos e sonhos e o tempo me desfaz dias que recomponho; mergulho nas areias ermos ventres jardins o grito a fera um anjo que tece fogo em mim...

ATAVIO

de onde venho o mundo é escuro mas as pedras brilham não sei onde seguir mas vou em frente; nesse mundo não há muito tempo de saber qual lugar Micha Gordin - meiaseis.com pudesse ser ou não ser o mais certeiro lugar; vejo as luzes que confundem-se sol e são olhos a sonhar abertos dentro de si                          nessa procura de ar; quando é noite enlaço ao fio do vento tudo que em mim foge algures o pensamento grito que me ocorre; se vier o cansaço de seguir em frente de escamas pedras águas limo, enfeito o chão, e planto as sementes...

MAGRITE

somos frágeis como janelas imaginárias René Magritte - A condição Humana em campos sem paisagem; somos citações entre livros empoeirados submergidos pelas estantes; somos poeira porque da poeira vieram estrelas homens e palavras;                     somos pouco ou nada, além do limite que indetermina distâncias; somos o possível a medida que ansiamos do que nos é dado não saber; somos o impossível quando voar se determina pelos mundos que não se vê.