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Mostrando postagens de novembro, 2014

PORQUÊS

Porque tempo jamais cansa e rio, determinado, escorre, sem se dar conta qual vento desfibra as poucas certezas, Porque sonho não se define e vida se abala nem sentida, mas há o pretexto de existir embora tudo siga provisório, Porque as perguntas saltam pelos cantos da sala, no teto, a voar com as bocas abertas um mar vazio entre os olhos, Porque nu o silêncio evapora imerso no oceano sem ondas a girar como um eco distante, espectro de vidro estilhaçado...

VÍNCULO

as danças e o mar se foram ficou esse olhar sem acenos entre relâmpagos, e móveis a pastar as horas de silêncio, os anjos e a palavra vieram com sua música de esperas revirar a casa e varrer o dia enquanto se acende a noite, e o olhar se espanta em lua as asas germinam na janela, como seguir dentro da alma rumos, sem ouvir fronteiras? montanhas declinam o céu à proximidade do intangível, do nada que me transbordo  retorno à trilha das estrelas.

DECRETO

preciso da vida para matar o tempo e durar o sonho meu ópio é mergulhar ladeira abaixo em quem sou, sou meio passarinho - asa quebrada no vendaval da lua meio vagabundo, só o vento me leva onde não vou, nasci com essa cegueira de enxergar os contrários cavo garimpos de buscar claridades no escuro, sou livre, por um decreto confirmado nas estrelas de ir além do desencontro me perder no que procuro.

VASO PARTIDO

meu coração é vaso partido onde os girassóis se foram guardo certas nuances aqui intrusas - de se reconhecer, é certo que o dia recomece embora desigual de notícias há flores de olhar sem ouvir e espelhos de voar sem ver, não sei a resposta, se houve dentro, o que existe é busca o espaço inteiro da ausência carrego pelos dias, sem fim, meu coração vaso quebrado a pulsar uma outra inteireza sabe quanto é frágil guardar tudo o que não ficou de mim.

BELEZA

me dispo na bruma o verbo na clareira oculto a sombra provisório, navego o eterno, nos mares agito os penedos das cercanias a me revolver é que cavalgo a fera, o medo, no corpo estilhacei a palavra canto, da poeira aos montes finjo o labirinto que me cava, sigo a trilha que se esconde beleza, é esse voar sem asas numa dor sem saber de onde.