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Mostrando postagens de outubro, 2013

PRESENÇA

uma vez, esqueci num canto de sala uma palavra revirei gavetas, o lixo arquivos, verões baús, e portfólios procurei em curvas guetos, alcovas... sem gemido ou sono                                                                                  afundei em oceanos cavei em galáxias e cafés de esquina uma palavra nada mais que isso e jaz nua, aqui dentro. PRESENCE once forgot a corner room a word, rolled drawers, trash files, summers chests, and portfolios, searched curves, ghettos, alcoves ... without whimper or sleep, sunk in oceans dug in galaxies and corner cafes, a word, nothing more than that and lies exposed, in me.

CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

CLANDESTINO

À noite atravesso as ruas Em busca do que esqueço, A luz fosca das lâmpadas Ofusca estrelas do avesso;   Horas que voam, não sei De onde vim, aonde vou... Os sinais me fazem seguir A trilha que outro sonhou;                   E no sonho perco o rumo Das esquinas, e multidões A rondar atalhos secretos E os faróis nas amplidões; E no sonho, incerto norte Em cada passo me apago, Sem, no entanto, concluir As estórias por onde vago.

CERNE

Do absoluto e vago que me distancio escrevo o meu diário sem respostas; Não me intimida saber direção ou indício, do caminho que não vejo;                                                             Tempo que passou não me dei conta, desatento em ajustar a via das horas; A profundeza das coisas é que leva, aos lugares dos quais não se retorna.

SELENE

a lua cheia que ansiei hoje esteve um pouco na janela, girou, depois voltou ao céu fiquei com um retrato dela; da lembrança, fiz o poema que não cabe nessa estória, da ausência, sigo a estrada desde que perdi a memória; com a vida distraio relógios para me enganar do tempo, e a lua com quem converso, longe me fixa pensamentos... virá mais uma vez, aguardo outra fase, em outra janela, nesse dia, prendo suas asas, finda-se de vez com a espera.   

SOM

Entre ronco de motores e gorjeios de passarinhos interponho subterfúgios, É melhor abrir os olhos para a confluência exata das cinzas dos silêncios,   Que avivar o rascunho das palavras sem sentido que incendeiam ao lado;                            No mundo feito de ecos paro de repetir o tumulto e oscilações do aquário, Para ouvir do mar pleno que guardava clandestino, os discursos e fragores, Nenhum som repercute o compasso das esperas mais que o rugido do ser.