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Mostrando postagens de outubro, 2012

DIÁFANA / OLHAR

DIÁFANA Ela sofreu, sofreu Até não poder mais, Remexeu no baú de doer, Pôs o ruge manchado do sonho; Inverteu as asas das abelhas, Apagou até as borboletas Entre os últimos vestígios de cores, Suspirou pela ausência de si; Transbordou o seu mundo Gota a gota até o topo do silêncio, Compôs um adágio, e um crepúsculo... Agora, sim, podia chorar.                           OLHAR Aqueles olhos Rasgam luminescências Pela superfície, Quase se deixam escorrer Da luz a nascer Nos penedos;  Poderiam ferir Com a limpidez de sóis No azeviche, Sem deixar de serem Lumes a incendiar Em segredos; Olhos de ver Pela fresta de se descobrir Outros detalhes, Pequenos e imperceptíveis De toda gradação Todos os tons; Olhar de dizer O que sequer se pronuncia Ou sequer fale, Com o alcance do silêncio  Que ecoa na alma  Os seus sons. Abstrato S/ Título - por J. Ribas 

ENCANTO

clique para ampliar "Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca"      Alexandre O'Neill                                                                    

Sinal e outros poemas

Playing in the sky -  J. Ribas                             SINAL Teço casulos em torno Das dobras do arco-íris, Cruzo rios contrários  Do ar a varrer as nuvens, Suturo os astros pungidos Céus que se insurgem; Mas não aprendi as rezas De deter abismos e escuros, Escondi poucas cores Pelos alcantis da aurora, E resta pouco tempo De achar o que procuro; Pudesse ao menos ver O caminho por entre o véu, Ou sentir qualquer sinal Sob as escamas do vergel E de alma nua, afinal  Ir aos mares do paraíso; Que tudo que tenho É pouco mais que a espera De um fugidio momento, A memória que escapa, O quadro que se desfaz Da cena que apresento; Mas vou seguir adiante Em voo cego pela noite,  Das touceiras de sonhar Agarro uma última estrela, Que é acesa de imaginar  E nada pode retê-la. COMPLETUDE Estou predestinado A me sentir faltando Mais do que se fosse pleno... Gota, mais que chuva Cinza, mais que

Legado e outro poema

Sem título - por J. Ribas LEGADO Trago estórias escritas na janela Do sonho, por eras intermináveis, O vir a ser dos tons esmaecidos Subtraídos dos retalhos de viver Trago variedades do impossível De acertar por vias e estâncias, Disso que mal suspeito distinguir E toda essa realidade proposta Trago dentro, alentos pródigos, Muitas perguntas sem resposta E os acordos falazes do mundo Que adiaram as lutas do infinito A rebelião do oceano em fúria As quedas inevitáveis do sonho, E de um território não lembrado Lanço brados pela madrugada Trago o betume, a vala comum, O casulo de borboletas nascidas Do pântano da alma, que a vida Pôs dispersas, a voar em calma. Mergulho - por J. Ribas POEMA ESCURO Na meia noite da minha vida Vejo por um instante o clarão Que faz brilhar uma lembrança Das muitas que ainda virão As escolhas certas que não fiz E dos equívocos sinceros e ciladas

VERSO A VERSO

Abstrato S/ Título - por J. Ribas VERSO A VERSO Verso a verso Acordo o lirismo falso E as torturas silentes De quanto adverso; Verso a verso Exprimo o sumo De mim mesmo colhido Ou de outro universo; Verso a verso É que me disponho À limpidez da tempestade Ao fogo de uns sonhos; Verso a verso Desfibro o mundo Desde os seus arcabouços E então recomeço; Verso a verso Atiro a pedra da ideia No lago de pensar O que ainda estremeço; Verso a verso Me aproprio do brado E do silêncio impávido Que me disperso; Verso a verso Penetro as margens Das montanhas, e névoas Em salto desconexo; Verso a verso Dispo a verdade retórica Para dirimir a loucura À qual me confesso; Verso a verso Me inicio na combustão De uma brasa faminta Que me traz imerso; Verso a verso Liberto a ave do caos Pela cavidade incoercível De onde sou egresso. SEM ALCANCE Não abro os olhos há tempos Em so