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Mostrando postagens de abril, 2014

SINCRONIA

Quase submerso pelas cores vejo apagar-se o sol ao longe, A View From My Window - 1984 by Jan Saudek É o momento em que silencia tudo, a um só e mesmo tempo,  E se acordam vozes distantes que se houveram esquecidas;      Contar do que sinto se perde tudo que sou é limitado, e cru, Porém, vislumbro o horizonte mesmo sem saber qual rumo, Na trilha das dessemelhanças, abraço a sincronia do universo.

OPOSTOS

O que me tarda é pouco me deságuo em partes essas águas que encalço para completar os rios, Se meu destino é o mar partilho além o agora da vastidão que me cabe desde os tempos sem fim;                         O que me tarda é muito entre divisões e somas seja refugo, ou ausência de tudo quanto incidir, E se por certo é o vazio outra medida humana, a fronteira que procuro conclui sua órbita em mim. 

FUMAÇA

Meu transitório é o canto de jamais partir, sem largar sobre a soleira os feixes de pegadas, não existo antes de pisar o umbral da porta, não existo depois de ir-se os passos na estrada; Me fogem os meus dias tragados em nuvens, nas asas riscadas em vento e aves de fumaça, que tempo é o sol que foi a me levar na areia? - o que restou nesses olhos é tudo que não passa...

DESPERTAR

Talvez outro pensamento indizível remoer de grãos, e havia num recinto vazio formas já gastas e pesos, As considerações de nada martelos pregos trapézios 7 AM - 1968 by Jan Saudek vaga-lumes  anjos retratos dígitos e vasos sem flores, O tempo expirava as horas e fazia a manhã indefinida pulsar na onda petrificada um oceano de olhos azuis,    O desejo a estancar a vida escorria nas areias imóveis sopro de deserto arquivado na poeira de livros antigos, Em tudo havia o impreciso o ensaio inútil do combate, e sonhos, a revirar o mundo sangrando as asas no vento.

PELE DE VIDRO

Retirei as escamas da pele de sombra vesti essa feitura de espaços indivisos e lágrima de brasa,   Não vejo o espelho de levar o que sei às luas sem nome, dentro de sentir fere uma nudez de fogo, Quando a vontade se encrava na luz acesa entre nuvens, dói a fome em tudo que sei de esperar.