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Mostrando postagens de maio, 2017

À ESFINGE

perdido como as peças de um enigma sem fim colorido com os cinzas que um fogo incendiou, Esfinge grega da textura de memórias que já foram escritas pela boca de profecias que o oráculo inventou,                       feito a pele da noite eriçada de um calafrio entorpecido pelo vinho que Baco em rito bebeu, procurava uma resposta à sombra das esfinges mas só me vem o reflexo num espelho que sou eu...

AO OLHAR

olho em volta do dia não nos vemos nas ruas nem através da tempestade a nos afogar em multidão, é claro que é indiferente se conta ou não o olhar-se o próximo, o cinza, o ignoto as inutilidades, os desejos, ficamos cegos por dentro ofuscados de não saber ver de não alcançar a imagem na despretensão do existir, o olhar vaga pelo mundo é tessitura que me escapa transparência que se tinge de fragmentar-se em sombras...

AO ÊXTASE

açucares de saliva bebi no mel do seu desejo fogo de açafrão, temperos de lua cheia, sais, boca aninhada aos seios; mandrágoras de vidro seivas agridoces de sorver gemidos não contidos tenazes a ferir e sangrar by Carsten Witte a língua, e o silêncio; e havia nos oceanos uma espuma azul turquesa anêmonas nas entranhas um aroma de suores fecundos em êxtases de agonia; em qual mundo repousar tantos corais férteis e moléculas prenhes de luz? de que líquido preencher o mistério em eterna fuga? e o corpo se eriça como uma colina de musgos a ferver pluri-oceanos num transe de pele nua a levar infinitos à deriva...

AO POETA

o poeta se foi não deixou herança mais que os versos não deixou memória mais que a saudade, afrontou os ventos como os pássaros insetos e desertos transpôs fronteiras uno com o infinito, o poeta se foi desde ontem - dizem na algibeira, Dante e o lume da alma num céu de solidão, desnudo de posses senhor de si mesmo segue o fio tênue de desvelar na luz o mar da eternidade...