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Mostrando postagens de agosto, 2016

SALTO

há guerras que não se vencem mas como continuar vivendo sem enfrentá-las? há estrelas que não alcançamos mas como existir o mundo se não pudermos sonhá-las? se o limite é tudo que nos cabe que tenhamos uma escolha na nossa insignificância, e possamos manter a presença ainda que pelos escombros das últimas esperanças, tudo é breve, e o que supomos não explica o tempo, o acaso ou o que possa dar sentido, à vida, a essa incerteza que há ao imprevisível salto no escuro de continuarmos vivos.

O ESPELHO

a tristeza se escondia na mão espalmada da praia a alegria plena de lavores fazia castelos de areia, a tristeza moía pedras o corpo premido no escuro a alegria dançava nua cingida com cinto de ouro, a tristeza calava rios destruía pontes, remoía... a alegria, em cambalhotas subia a ponte do arco-íris, a tristeza cerzia o manto de musgo-ferrugem-poeira a alegria bordava na lua seu véu de sol, e estrelas, a tristeza sonega a luz e perde a flor da madrugada a alegria abre as janelas e incendeia com a aurora, os cabelos da tristeza se enlearam nos espinhos a alegria, cabelos soltos cura as dores nos caminhos...

PRESENTE

foi-me dado amar da escuridão a possibilidade da luz, e foi-me ensinado sob o abismo o infinito dos voos, foi-me dado antever num grão a fartura dos desertos, foi-me provado na tempestade a verdade do sol nascer, sou feito do minério de persistir monte, pedra, pó e é dessa peleja que me liberto sigo, me desato o nó, seja pela correnteza desse céu ou, na asa sem fim que o mar espraia na vastidão oculta dentro de mim, seja na esperança que espelha as estrelas que ouso ver nesse lago calmo de vir sonhar o que me é dado crer...