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FRAGMENTADO

o corpo fragmenta-se poeira
letal como a faca que apara
vindima, sangue, e delírios,

o corpo se parte e desfibra
tessitura de átomos em voar
num transpassar de artérias,

o corpo incorpora a voragem
em conjuras, e em alquimias
brasas na chama que hiberna,
Torso de Belvedere

o corpo se retrai, e lateja
deglute rios e bebe espaços
em estações de gerar a flor,

o corpo é de trilha incerta
no desenho da irregularidade
tangenciando a pele do caos

o corpo se regira e inverte
dispõe elipses, quadraturas
na geometria do indecifrável,

o corpo se nega à fronteira
e aos somatórios do infinito
que ao sem medida reivindica,

o corpo prepara sua casca
a forma que ao todo reúne
o contínuo sopro da criação,

o corpo desintegra certezas
para abrir as portas da asa
em que se conectam os sonhos…



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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.