Pular para o conteúdo principal

FRAGMENTADO

o corpo fragmenta-se poeira
letal como a faca que apara
vindima, sangue, e delírios,

o corpo se parte e desfibra
tessitura de átomos em voar
num transpassar de artérias,

o corpo incorpora a voragem
em conjuras, e em alquimias
brasas na chama que hiberna,
Torso de Belvedere

o corpo se retrai, e lateja
deglute rios e bebe espaços
em estações de gerar a flor,

o corpo é de trilha incerta
no desenho da irregularidade
tangenciando a pele do caos

o corpo se regira e inverte
dispõe elipses, quadraturas
na geometria do indecifrável,

o corpo se nega à fronteira
e aos somatórios do infinito
que ao sem medida reivindica,

o corpo prepara sua casca
a forma que ao todo reúne
o contínuo sopro da criação,

o corpo desintegra certezas
para abrir as portas da asa
em que se conectam os sonhos…



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...