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CORRENTEZA

vezes sem conta
me lancei à fogueira
e revivi entre logros
arbítrios e promessas
parte do que sou, arder
em meio às chamas,

vezes sem conta
fui crer no possível
agarrado ainda à ideia
de um apego insone
de olhos fixos num céu
desfeito em cinzas,

by Ismael Nery
vezes sem conta
me dei a expor no museu
de retalhos e despojos
pérolas colhidas em vão
de sonhos tornados pó
nas areias do deserto,

vezes sem conta
fui a voz do silêncio
a bradar pelos confins
e deixei pegadas, suor
nesse incansável seguir
a insistente espera,

vezes sem conta
ouvi a voz do vazio
a me mandar calar preces
que não ousava dizer
sem ferir o solo sagrado
com a ânsia do desejo,

vezes sem conta
me entranhei do mar
e no pleno do submerso
envolto à correnteza
nada há que me separe
disso que em mim foge.




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Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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