“o poema
senhores,
nem fede,
nem cheira”*
o poeta
por sua vez
é a fragrância
decisiva
e
despudorada de tudo
o suor das
pedras nuas
na secura
dos desertos,
a tormenta
do mundo;
o poeta
exala absurdos
esparge
impossíveis
reacende
os incensos
das
resinas interiores
e
trescala dos bálsamos
o
absconso dos sonhos
“o poema
senhores,
nem fede,
nem cheira”*;
que o
poeta traz o pó
entranhado
dos tempos
aroma de
água da chuva
na eira
de rios exauríveis
dissemina-se
delírios
e espalha
na sua palavra
o mal
cheiro do mundo
como um novo
perfume...
* De um poema de Ferreira Gullar.
Comentários
Postar um comentário
Comente os textos, suas críticas são bem-vindas e sugestões também. Obrigado!