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NASCEDOURO

todo verso é substrato
como resíduo da alma
buraco aberto na vala
de subtrair o anverso,

e o verso indetermina
mal se sabe o começo
quando sei o que digo
num instante esqueço,

que o verso é um risco
uma espécie de perigo
um mergulho enquanto
- observa-se o umbigo,

pois um verso é senão
tangência, ângulo reto
grito aceso de silêncios
gestação antes do feto,

mas o verso não recua
gane, na hora de parir
depois vai, porta afora
quando a saída é não ir.

Comentários

  1. O poema traz forte a ideia de auto-regestação. A vaga impressão de reparar os inversos d'alma que se esconde sem tê-lo como apalpar. Os buracos,as marcas,esses,sempre farão parte de nós,mesmo contra nossa vontade.

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    Respostas
    1. Obrigado, pela atenção das palavras, esse texto é um mergulho na vida e no pensar a poesia! Abraços!

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...