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CINZEL

me falha a inspiração
apelo ao meu silêncio
de séculos, guardado
sob a poeira de durar,

por fugir das palavras
é que sei andar na cor
do gosto e na ternura
das paisagens da vida,

se algum poema grita
outros não saem fora
mas se olho de frente
ocultam tudo que sou,

passageiro do inverso
ganho parte de existir
a inventar uns modos
de refletir - asperezas.

Comentários

  1. Desferiu-me em tamanha intensidade.

    Não sei comentar um poema, sequer uma morte. Disse, e digo, novamente, que, quando uma diagonal me acerta, caio para pensar sobre. Sempre assim.

    Volto, volto. Voltarei!

    Simplesmente adorei aqui. É lar!

    Flores, bons dias,

    Cassandra Ferreira.

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    Respostas
    1. Seja sempre bem-vinda! Não é preciso comentar se o sentir já diz tanto! Um lar é mais que casa, lar é coração aberto! E você já conquistou o desse jogral! Grande abraço!

      Excluir

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CÔMPUTO

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.