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O EQUILIBRISTA

destituído de certezas
atravesso o fio da realidade
passo a passo com a dúvida
nesse exercício de equilibrar
a verdade que me sustenta;

o que me leva ao outro lado
é também o que me paralisa
ações e reações estudadas
em gestos de inseto e fúria
a fundir carne e metafísica;

o que me espera, desafia
em cada milímetro no espaço
não importa se à distância
rugem os pecados, e o medo
me devolve uns olhos vazios;

nada importa mais que ir
na hesitação mesma, e na dor
apesar de, a meio caminho,
compreender não ser possível
chegar onde jamais se alcança…



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Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

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