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O EQUILIBRISTA

destituído de certezas
atravesso o fio da realidade
passo a passo com a dúvida
nesse exercício de equilibrar
a verdade que me sustenta;

o que me leva ao outro lado
é também o que me paralisa
ações e reações estudadas
em gestos de inseto e fúria
a fundir carne e metafísica;

o que me espera, desafia
em cada milímetro no espaço
não importa se à distância
rugem os pecados, e o medo
me devolve uns olhos vazios;

nada importa mais que ir
na hesitação mesma, e na dor
apesar de, a meio caminho,
compreender não ser possível
chegar onde jamais se alcança…



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me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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