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FILME NOIR

já era tarde da noite
e as ruas dentro de mim
estavam vazias de pensamentos
os postes cheios de estrelas
eram transportados ao céu…

não era hora de ser romântico
não tinha vinho na taça
o sangue a pulsar nos músculos
tingia de vida a imaginação
(é certo que anjos choravam…)

o que restou do mundo
- um quadro de Dali em chamas -
tudo dormia no gelo da madrugada
grilos faziam o fundo musical
num cenário de filme noir…

da janela olhava a vida
num lugar qualquer do planeta
sons à distância lembravam
que há os que nunca dormem
(será que eles jamais sonham?)

e o que restou do mundo
cabia numa frase de Nietzsche
para o qual olhar abismos
os faz refletir de igual modo
o inominável em nós submerso…  

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CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.