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MENSAGEM NA GARRAFA

são dias em que é preciso
apertar o passo e esquecer a chuva
desses dias que um sol cinzento
anoitece a vida aos poucos
sem crepúsculos à beira mar…

são dias em que é preciso
ser forte o bastante para seguir
o curso das coisas, a fome
a rota prescrita – e aquela curva
onde a liberdade se esconde…

são dias em que é preciso
fazer de conta, sorrir ao bandido
mesmo que depois se vomite
a tarde inteira de impropérios
sem esquecer os planos de combate…

são dias em que é preciso
ouvir os pássaros, e o silêncio
insistir em algo mais que sonho
que nos enraíze a sabedoria
e faça outra realidade florescer…

são dias em que é preciso
escrever poemas e os jogar ao mar
porque na ilha deserta que somos
a resposta pode estar do outro lado
e a pergunta mostra como chegar…

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ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...