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MENSAGEM NA GARRAFA

são dias em que é preciso
apertar o passo e esquecer a chuva
desses dias que um sol cinzento
anoitece a vida aos poucos
sem crepúsculos à beira mar…

são dias em que é preciso
ser forte o bastante para seguir
o curso das coisas, a fome
a rota prescrita – e aquela curva
onde a liberdade se esconde…

são dias em que é preciso
fazer de conta, sorrir ao bandido
mesmo que depois se vomite
a tarde inteira de impropérios
sem esquecer os planos de combate…

são dias em que é preciso
ouvir os pássaros, e o silêncio
insistir em algo mais que sonho
que nos enraíze a sabedoria
e faça outra realidade florescer…

são dias em que é preciso
escrever poemas e os jogar ao mar
porque na ilha deserta que somos
a resposta pode estar do outro lado
e a pergunta mostra como chegar…

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CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.