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À SOMBRA

essa filosofia que procuro
meio bêbada pelos becos
meio nua de artifícios, cética
e sem um norte improvável
no improvável das questões,

me excita o sexo amoldado
me fura os olhos, a lucidez
o patético da cobiça inútil
o medir-se em comiserações
no extremo das ausências,

não sou bom em investigar
desconfio dessas equações
rezo incensos de distâncias
preces onde afundo os pés
a semear suor, e cansaços,

as asas partidas, os refugos
estilhaços de olhos, febres
maleitas, remorsos a gemer
num coito de interrogações
no improvável de saber-se,

essa matemática de desvios
refaz subtrações e vertigem
o hesitar de por-se a caminho
e descobrir o pó do sempre
na sombra que vaga o infinito…

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CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.