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MATINAL

não é fácil olhar dentro
nos dentros de si mesmo
e expurgar os lodos todos,
qual método ensina isso?

às sete da manhã acordo
tenho deveres e dívidas
os medos se antecipam
nessas imagens que já vi,

a coerência vem sacudir
esse meu sonambulismo
de ter de encarar a vida
mergulhador - por j. ribas 
entre safo, e anestesiado,

perdi a fleuma dos bons
estou quebrado, ou vazio?
"já não ouço esse pássaro
exilado na minha alma",

lá fora, como num filme
o mundo e seu continuum
não é possível estacionar
tempo vida e terremotos,

não é possível saltar fora
deter o curso da história
tampouco se pode desligar
a tomada sem fio do ser,

a inutilidade da ciência
nessas questões do sentir
essa fenda no universo
a devorar tudo que pulsa,

teria que ser mais forte
me disfarçar esse aperto,
mas o caos do dia urge
com seu ultimato matinal.

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...