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CARTOGRAFIA

estou destinado
a cuidar de mapas velhos
mesmo que não saiba
que direção seguir,

me perdi muitas vezes
mas não saberia dizer
se por desatenção
ou falha de memória,

tinha por infalível
certo senso de direção
que jamais me faltou
até que um dia...

Misha Gordin - www.meiaseis.com
o bom de perder-se
é que às vezes aprendemos
por vias pouco suaves
outros modos de existir,

das várias geografias
coordenadas e ângulos
não vejo apenas cálculos
a arte se faz implícita,

assim como na vida
um pouco de improviso
permite desbravar
rotas de outros caminhos,

tenho mapas imaginários
de mundos reais
sei de mapas reais
de mundos inventados,

já disse, meu destino
além desse comum
a tudo e todos,
é cuidar de mapas velhos,

e de vez em quando
pela tangente da vida
seguir qualquer norte
que não se quer determinar.

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...