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CARTOGRAFIA

estou destinado
a cuidar de mapas velhos
mesmo que não saiba
que direção seguir,

me perdi muitas vezes
mas não saberia dizer
se por desatenção
ou falha de memória,

tinha por infalível
certo senso de direção
que jamais me faltou
até que um dia...

Misha Gordin - www.meiaseis.com
o bom de perder-se
é que às vezes aprendemos
por vias pouco suaves
outros modos de existir,

das várias geografias
coordenadas e ângulos
não vejo apenas cálculos
a arte se faz implícita,

assim como na vida
um pouco de improviso
permite desbravar
rotas de outros caminhos,

tenho mapas imaginários
de mundos reais
sei de mapas reais
de mundos inventados,

já disse, meu destino
além desse comum
a tudo e todos,
é cuidar de mapas velhos,

e de vez em quando
pela tangente da vida
seguir qualquer norte
que não se quer determinar.

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.