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LÂMINA


As Duas Fridas (1939) - Frida Kahlo

Cada dor está em seu lugar
Nem divido a ordem do tempo
O viajante está em seu lugar
Também o dia, o pensamento

O vigia que planta a aurora
Aqueles em fuga na ventania
A mulher, a janela, o espasmo
Do verdugo em sua litania

Tudo no lugar que lhe cabe
Borboleta partida, poeta ferido
Não rebato dúvida, causa do ser
Nem a porta que já não abre

As garras retorcidas do talvez
Cascas fendidas, tentações
Esses sonhos que furtam a lua
No espesso leito das visões

Cada dor tem o seu lugar
Seja mar, colina, céu nublado
Os loucos em redes de pesca
Bêbados por todos os lados
 
Os castos a despir-se o amor
Corruptos a revolver o cinismo
E o destino tem o seu lugar
 A lâmina nos olhos do abismo...

Comentários

  1. Respostas
    1. Obrigado, seja bem-vindo a esse espaço de ideias poéticas!

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  2. Cheio de metáforas bastante significativas. A vantagem da poesia é que cada um a interpreta por si próprio. bjs

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  3. Concordo, uma vez que é a vivência de cada um que vai agregar valor ao sentido do texto. Fico feliz que tenha apreciado! Um abraço cordial.

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Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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