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SE FOSSE POETA

ah se fosse poeta
e arrancasse das pedras
as histórias que não sei
e colhesse das nuvens
a seiva de um azeite
que curasse o pranto,

ah se fosse poeta
e soubesse, sem cálculo
a desmedida das coisas
e forjasse em fogos
uma espada sem corte
que aplacasse a dor,

ah se fosse poeta
e entendesse o simples
de desentender o jeito
e as porosas escamas
de saltar rio sem fim
de o tempo existir,

ah se fosse poeta
e fizesse arder a chama
de viver a eternidade
nessa faísca de luar
e estrela e risos e luz
que exaurem o amor,

ah se fosse poeta
e soubesse o que diz
o silêncio da alvorada
quando a luz crispa
pela escuridão afora
no limiar de se romper,

ah se fosse poeta
e sem mais necessitar
do crocitar da palavra
apenas calasse da alma
isso que à ânsia golpeia
sem ter ferido sequer...

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...