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SE FOSSE POETA

ah se fosse poeta
e arrancasse das pedras
as histórias que não sei
e colhesse das nuvens
a seiva de um azeite
que curasse o pranto,

ah se fosse poeta
e soubesse, sem cálculo
a desmedida das coisas
e forjasse em fogos
uma espada sem corte
que aplacasse a dor,

ah se fosse poeta
e entendesse o simples
de desentender o jeito
e as porosas escamas
de saltar rio sem fim
de o tempo existir,

ah se fosse poeta
e fizesse arder a chama
de viver a eternidade
nessa faísca de luar
e estrela e risos e luz
que exaurem o amor,

ah se fosse poeta
e soubesse o que diz
o silêncio da alvorada
quando a luz crispa
pela escuridão afora
no limiar de se romper,

ah se fosse poeta
e sem mais necessitar
do crocitar da palavra
apenas calasse da alma
isso que à ânsia golpeia
sem ter ferido sequer...

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.