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OÁSIS

é preciso escrever
esse ato inútil, sem fruto
como esfolar a pele
e tirasse de dentro
o que se teme surgir,

é preciso rezar
os montes enfileirados
cordilheiras sem fim
enquanto se bebe os rios
de silêncios se esvaindo,

que as histórias
estão presas na garganta
nós que nos afligem
fardos que levamos
mal entramos na vida,

e se faz necessário
contar isso que dói
para que a dor repouse
seus olhos desertos
na sombra da poesia...

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.