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RETALHOS

Abigail é destra
mas escolheu a esquerda
embora dance muito bem
o que gosta mesmo é de voar
não que uma coisa anule a outra
senão que esta completa aquela;

Rainer é meio vesgo
porém, vê coisas que ninquém ousa
manca de uma perna
contudo, em raros momentos, 
e a sós com seus sonhos,
corre distâncias inimagináveis;

Devaki é idosa e faz doces
criou os filhos, ficou só
as poucas memórias que guarda
ficaram nas trilhas
escritas em seu corpo
pelas mãos de seu amado;

Tzabo é órfão
seu pai é a maior árvore da floresta
sua mãe, uma nuvem de chuva
quando acorda toda manhã
sabe que o dia será bom
pois entre outras coisas, é poeta;

Keiko mora nos montes
e guarda rebanhos de ovelhas
em noites de lua cheia
já deu de pensar que o silêncio
é como correr ao vento
sob um véu bordado de estrelas;

Cisco já viu a morte
por isso respeita a vida
ele sabe que todo o universo
é composto de pequenos retalhos
e juntos formam essa história sem fim
que a terra não cessa de escutar...

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CÔMPUTO

A equação do voo das moscas o zunido do fosso dos ventos, O número de grãos da areia a ferrugem dos dias e da alma,                                                                        O azul a lua etérea,                              as páginas obscuras do Índex, voos e ardis,                                                                                 O abecedário das formigas o sustenido dos pardais, O sol nos bancos das praças a ordem objetiva do mundo... Tudo foi calculado.

STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.