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COTIDIANO

sim, estou vivo -
pensa - ao despertar de manhã,
os pássaros cantam
seja lá o que entendem por cantar
e enquanto ouve, ele pondera
as dilatações do nada
a vagar em sua cabeça -
barcaça sem mar;

sim, estou vivo -
e tudo vem com lentidão
como se o universo inteiro
devesse girar desde a origem
até retomar sua forma
e explosões, nebulosas, planetas
estrelas, os seres todos
reocupassem seu lugar;

sim, estou vivo -
a consciência, os significados
abre-se um feixe de luz
a esperança sorri sua nudez
a alegria diz sua paródia
e o sol - que nem é eterno -
de sorriso em chamas,
brilha sua indiferença...

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.