um coração a boiar na turba
sem identidade, endereço, ou número
perdido em meio ao burburinho
de ruas asfaltadas e pessoas sem rumo;
um coração extirpado, e anônimo
a pulsar insistentes e arredios sinais
e penso, poderia ser qualquer um;
esse coração não fala, não olha
não respira, nem voa no azul dos prédios
que refletem um céu vazio de estrelas
nos vidros polidos da ci-vi-li-za-ção;
nos vidros polidos da ci-vi-li-za-ção;
podia ser o próximo astro de cinema
ou o artista pop do momento
o guru iluminado, o avatar do novo milénio
é apenas um coração, no entanto;
ainda assim ele está lá
para a perplexidade dos indiferentes
para a mofa dos que já nem creem mais
como um sinal abnegado de existir a vida.
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