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EM PEDAÇOS

devia tragar as montanhas
devia beber todo o mar
mas a inteireza das coisas
já não me bastava
para compor essas palavras
feitas em pedaços;

era luz ou era raio
o céu no transe de espelho?
era verdade ou mentira
o beijo que me feriu a boca?
corri pelos desertos
sem asa de me levar os pés;

da vindima da tarde
destilo o vinho de anoitecer
numa lâmina afiada
sangram as dores do mundo
as palavras emudecem
elos desfeitos na nudez do aço. 

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me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.