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DIÁRIO

não estava preocupado
com a posição da cadeira
o giroscópio o guarda-chuva
ou as pautas do cotidiano,

lustrava o vazio dos copos
os insetos da varanda
as plantas dentro do relógio
o peixe empalhado no teto,

pintava umas borboletas
na órbita lustrosa dos olhos
lambia as ondas da praia
que se estendia pela janela,

polia o mecanismo do vento
observava nas asas da lua
os lêmures em slow-motion
a afundar entre as nuvens,

escutava músicas coloridas
escrevia hieróglifos invisíveis 
comia eufemismos baratos
e fotografias velhas em P&B,

não fiz mais por me gastar
com a roupa nova do rei,
no mapa do tesouro perdido
há tempos, me desencontrei...

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CÔMPUTO

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

O OUTRO

Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.