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AWE

sou pequeno demais
grão de areia perdido
entre os outros grãos
fisgados pelo sem fim,

me enleio em estrelas
que as suponho existir
na chama recorrente
de um tempo já findo,

mas é nesse espelho
que também me vejo
diluído numa imagem
a se perder na poeira,

imerso no sonho vou
by Joey L. (photografer) - Varanasi 
sem escolher a direção
tudo se une no pleno
a unidade no reverso,

extasiado vejo átomos
vida que regira sem fim
a imensidade absconsa
transborda-se em tudo,

esse meu grito agora
quem haveria de ouvir?
de qual galáxia azul
ouço todo esse silêncio?

se falta a outra parte
para atingir o sonho
não aprendi o idioma
do início dos tempos,

apenas posso olhar
e me recolher na luz
dos sóis que cintilam
por outros universos,

e quem sabe, ao tocar
o rosto mais próximo
possa então relembrar
o infinito desse mundo...

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...