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VIDRO


o medo que tenho das ausências
me faz criar personagens de mim
essa máscara de quanto me falta
esse fantoche sem começo ou fim

ouço a voz de outro que pergunta
o nome que não consigo mais dizer
é esse passarinho que está preso?
ele diz, contudo não sei responder                    

quantas vidas perdi nesse instante
em quantos mundos resisto ainda?
qual o vazio que me faz mais falta
que caminho é esse que não finda?

nenhum sol amanhece a lua turva
presa no rio de vidro que conheço
o vitral que surge do azul da noite
é feito o sonho que no fim esqueço.

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