Essas palavras jogadas
ao vento
Nem céus e
terras ultrapassam
São umas
palavras que invento
Desse retrato
aferrado de existir
Algumas libertam
pensamentos
De outras o
destino é submergir
A bordo dos barcos naufragados
Nos temporais
severos de existir
São cartas perdidas, já sem uso
E frases que ecoam
sem dormir
A tecer monólogos
inconclusos
Esse burilar contínuo
de existir
As confissões
inúteis, sem data
As horas ocas e tempos por vir...
Palavras, mutiladas do que falta
São apenas os
rabiscos de existir.
§§
Em volta tudo ganha
a vida mais intensa,
com nitidez de agulha
e presença de vespa.
João Cabral de Melo Neto
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