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GRITO


In Blue - por J Ribas 

O pôr-do-sol transversal
Estende o seu ouro velho
Nas cercanias do planeta
Deixo o caos me distrair
Borboletas sugam o açúcar
Das horas breves;

Minha vida suburbana
Sob os holofotes do circo
Encolhe a cauda espinhosa
De dromedário ronceiro
O sertão da caatinga nua
Encharcado de neve;

Fujo para o mar verdoso
Dos seus olhos castos
Beijo seus seios túrgidos
De alvos alabastros
A turmalina e o minério
Da alma se abrasam;

Um anjo sob o viaduto
Grafita os sinais do céu
Mimetizados na luz
Adão e Eva fogem do paraíso
Entre folhas de parreira
E maçãs, eles descasam;

Não quero entender
O mundo e suas falácias
Não vejo cor no cinza
Esse gris não tem graça
Há mais cores entre mim
E o que se oculta infinito;

Se buscasse o provável
Não o teria percebido
Tanto quanto me perco
Nos quânticos espasmos
De atravessar o fio
Insurgente desse grito. 



Adão e Eva - Albrecht Dürer


A poesia é um grito 

que rebenta do silêncio,
E nele permanece
alçada sempre ao infinito.

J Ribas

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Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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