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POEIRA DE ESTRELAS


Noite Estrelada - Vincent Van Gogh

Descobri poeira de estrelas
Num pedaço amassado de papel
Nele guardei dos meus sonhos
O que a vida inteira me passou
Breve, rodopio, carrossel

Fui menino alado de voar os dias
Cavaleiro de dançar folguedo
Namorador e rei de sereias
De espantar dragão e calafrio
Com o sol nos meus brinquedos

Fui homem manso e falador
Decifrador de sinais e estórias
Que quis mulheres e foi amando
Corsário que arriscou do amor
O tempo de não sei quando

Fui velho a cismar o eterno
Feiticeiro de domar os litígios
Viajante das minas do inverno
Amálgama de deserto e nevoeiro
Por entre os ecos dos vestígios

E da poeira que não vou contê-la
Por sobre os escombros da vida
Ou nos estilhaços da estratosfera
Traço o arado nessas partidas
Vou semear terras mais belas...

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...