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POEIRA DE ESTRELAS


Noite Estrelada - Vincent Van Gogh

Descobri poeira de estrelas
Num pedaço amassado de papel
Nele guardei dos meus sonhos
O que a vida inteira me passou
Breve, rodopio, carrossel

Fui menino alado de voar os dias
Cavaleiro de dançar folguedo
Namorador e rei de sereias
De espantar dragão e calafrio
Com o sol nos meus brinquedos

Fui homem manso e falador
Decifrador de sinais e estórias
Que quis mulheres e foi amando
Corsário que arriscou do amor
O tempo de não sei quando

Fui velho a cismar o eterno
Feiticeiro de domar os litígios
Viajante das minas do inverno
Amálgama de deserto e nevoeiro
Por entre os ecos dos vestígios

E da poeira que não vou contê-la
Por sobre os escombros da vida
Ou nos estilhaços da estratosfera
Traço o arado nessas partidas
Vou semear terras mais belas...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.