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ARQUIVO DE SOMBRA E VENTOS


Enigma - por J. Ribas

ARQUIVO DE SOMBRA
 E VENTOS

Tenho guardado em mim
O arquivo de rever a vida
De não chegar ao impossível
De já estar pronto, do sonho
Enquanto estou vivo
De querer improvisar a festa
E vontade de bem amar
Ainda sinto que me resta

Tenho guardado em mim
As sombras, desejos, o escuso
O breve discurso do método
O porto não tão seguro 
O sol dividido no bolso
A elegia e o cantochão
Os lugares onde não andei
As mordidas no pescoço
  
Tenho guardado cioso e ausente
As tempestades e o vento
Brumas que dilaceram teofanias
Entre constância e resignação
A panela das estórias
Onde fervilham teimosias
E os aromas da ocasião
Que defumam as memórias

Não quis guardar o invisível
Por simples descuido
Mas o absurdo, e o implacável
Que poupo sem motivo
E nas caixas lacradas, os desafios
Dos pecados sem perdão
Digladiam-se no cio divinatório
Dos deuses sem predição

Que saberei guardar também
O teorema da alma aflita
A teoria poética do bem
A receita de batatas fritas
Da filosofia, o excelso incensário
E a culpa de não ser sincero
O que soma mais um zero
E conclui o meu breviário.


Abstrato - por J. Ribas

Às vezes fico a procurar a palavra certa
nessa busca arredia,
Mas a palavra é que me acerta a alma,
como flecha o sol ao meio-dia.
J. Ribas 










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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...