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DO COMBATE
Entalhei aluviões em pouco barro
E enganei a chuva dentro do rio
Tenho perdido mares em conchas
E muito pouco me permiti demolir
Anêmonas, disritmias, e calafrios
As garras do delgado sobressalto
As órbitas dos olhos do grão-vizir
Os gânglios amorfos de memórias
E o cristal lácteo de ainda existir
São frutos do meu último assalto
Nem transpor a singularidade
De ser prisioneiro dos elementos
Ou fundear além do pântano azul
Fizeram-me definir o arrazoado
De ideários, causas, sentimentos
Continuo sem certeza nenhuma
Mesmo a fé dos dias ensolarados
Ou o céu possível da primeira vez
Mas as palavras são meus soldados
E o combate, esse poema fez.
Abstrato S/Título - por J. Ribas |
VIAGEM
Depois de arrancar da estrela
O supremo gesto de alvorecer
E descobrir de ondas perfiladas
A direção de todos os refúgios
Estou ao pé da longa estrada
Não havia transposto a curva
Dos meus malbaratados céus
Nem tinha onde calar o medo
A tremeluzir ante a perspectiva
De voos insólitos e de segredos
Só havia essa coisa de pensar
O frenesi respingado ao longe
E a semiesfera de tempestades
A alma estacionada no vazio
E imprecisões em quantidade
Depois de seguir até o desafio
Na contenda de resgatar-se
O que se há perdido do sem fim
Havia a sequência da viagem
A começar outra vez de mim...
Poesia é ar rarefeito
na escalada do impossível,
ainda que a montanha
seja invisível.
J. Ribas
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