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AO CANSAÇO

entre meio dividido
e pleno de cansaço
me aproprio da brevidade
que me limita os anos
esperanças, e ilusões,

na tragédia que é a vida
a buscar refrigérios
consolo ao rés do sonho
recitando os medos
enquanto a luz estremece,

me nasce um torpor
fotografia de Hiki Komori
de não entender os porquês
e não entendendo, investigo
o que me faltasse ver
que excedesse a dúvida,

há sempre menos
nesse lugar solitário
onde desviam-se certezas
até sobrar uma casca
que se esvazia de existir,

me lanço em oceanos
do quanto me desconheço
de pensar, crer, ou propor
desde escolher a meia
ao átomo que se dissocia,

o cansaço se alterna
e meu olho não distingue
entre cores e ausências
mas o que não muda
é essa condição humana.

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

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