fabricava
poemas
melhor
seria se fizesse guarda-chuvas
o tempo é
tão imprevisto
não se
pode confiar na meteorologia
para
dizer se chove ou não
melhor
fazer guarda-chuvas,
de que
adiantam palavras
quando a
balança comercial oscila
e o
frágil equilíbrio do mundo
é
determinado por homens sem alma
melhor
fazer guarda-chuvas,
fazer
poemas é tão inútil
quanto um
domingo nevoento
como um
daqueles dias de feriado
quando
tudo para de vez
deve-se
fabricar guarda-chuvas
é a única
garantia que o mundo continue,
melhor a
oficina de sombrinhas
que
palavras a inquietar a razão
que
sonhos a crescer pelos cabelos
esqueçam-se
os poemas!
como a
poeira escondida no tapete
depois da
faxina malfeita.
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