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NÃO SOU

Não sou um poeta de livros
sou desses de arrancá-los
das poças d’água na rua
do prisma furta-cor do olhar
da contração da aurora nua,

Nas páginas giram insetos
dessa eletricidade de durar
letras de céu, ou de chuva
rimas de mar e estranhezas
saem da alma como luva,

Sou o que sonha desperto
e vigio o sono de imaginar
na tipografia de silêncio gravo
as cavidades infinitesimais
de mundos a desmoronar,

Não sendo um poeta de livros
escrevo-me é de penumbra
na folha em branco que sou
esse é o tomo impublicável
que se desfolha aonde vou...  

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.