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DO QUE SEI

me custa é deter da tempestade
a lucidez que não sei traduzir
é trazer dos caminhos que andei
a distância que não foi vencida,

me custa essa nudez de desertos
e o silêncio de um mar esquecido
e o que quer que circule a rota
das sombras de noites sem farol,

sei desvelar das gotas de chuva
uma ânfora que não esvazia a dor
sei ler nas estrelas essa falta
que não se coaduna nas palavras;

me custa é apreender pelas horas
no eclipse sem fim da eternidade
e essa álgebra escrita em brasas
de átomos a multiplicar os anjos,

me custa retirar algo do sentido
de nada possuir qualquer sentido
e alcançar a eloquência do vazio
no eco que se basta por si mesmo,

sei da espera que devora, e adia
desse hemisfério de seres adiados
sei de toda história mal contada
e de todas que não se deve contar...

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STANDBY

me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.