me custa é deter da tempestade
a lucidez que não
sei traduzir
é trazer dos caminhos
que andei
a distância que não
foi vencida,
me custa essa nudez
de desertos
e o silêncio de um
mar esquecido
e o que quer que
circule a rota
das sombras de
noites sem farol,
sei desvelar das
gotas de chuva
uma ânfora que não
esvazia a dor
sei ler nas
estrelas essa falta
que não se coaduna
nas palavras;
me custa é
apreender pelas horas
no eclipse sem fim
da eternidade
e essa álgebra
escrita em brasas
de átomos a
multiplicar os anjos,
me custa retirar
algo do sentido
de nada possuir
qualquer sentido
e alcançar a eloquência
do vazio
no eco que se
basta por si mesmo,
sei da espera que
devora, e adia
desse hemisfério de
seres adiados
sei de toda história
mal contada
e de todas que não
se deve contar...
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