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RETRATO

falava pouco, aquele retrato
tecido em silêncio inaudível 
dizia muito a remoer o pasto
pelas regiões de não lembrar,

depois, emudecia as estórias
Fia Doepel  - www.ideafixa.com
no entornar de mares vazios,
- onde encontrar “o que sou”
de outro tempo já exaurido?

“o que sou” de agora refazia
a imagem, às vezes, nublada
a derramar-se em chuva gris
numa dimensão de imaginar,

escuto das cores desbotadas
plainar meus olhos distantes
a tessitura das horas na teia
numa linha a tecer universos,

porém, não ouvirei do retrato
mais que sombra e ausência
como uma praia já esquecida
cujas ondas não podem voltar.

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.