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RETRATO

falava pouco, aquele retrato
tecido em silêncio inaudível 
dizia muito a remoer o pasto
pelas regiões de não lembrar,

depois, emudecia as estórias
Fia Doepel  - www.ideafixa.com
no entornar de mares vazios,
- onde encontrar “o que sou”
de outro tempo já exaurido?

“o que sou” de agora refazia
a imagem, às vezes, nublada
a derramar-se em chuva gris
numa dimensão de imaginar,

escuto das cores desbotadas
plainar meus olhos distantes
a tessitura das horas na teia
numa linha a tecer universos,

porém, não ouvirei do retrato
mais que sombra e ausência
como uma praia já esquecida
cujas ondas não podem voltar.

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fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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