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DESCONEXÕES

meu amigo fala com formigas
falo pouco com ele
ele prefere as formigas
e faz bem
as formigas carregam açúcares
mais doces que as palavras
e não falam;

não têm tempo livre
enquanto gastam das vidas
o necessário
para cumprir seus ciclos
não pensam no eterno
(ao contrário do formigueiro humano)
ou, que haja um fim;

penso no simples
dessa consciência sofisticada
num organismo unívoco
sem planejamentos
cálculos, ou fibra ótica
a viver sua insignificância
em tão perfeita harmonia;

se mal suspeitamos
da existência no planeta
os insetos, a poeira, a fumaça
dão seu recado
e nós, seres vazios de imaginar
reencarnaremos formigas,
(meu amigo que me contou...)

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Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

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fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

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