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POINT NOIR

As pedras me doem
como também as nuvens
viajo águas de tempos
diluídos na espuma,

Quanto sei de mim 
que deva compor razões
para aquietar as ondas
de marés incertas?

Quanto de não saber
flutua em promontórios
cavados de proposições                     
que prendi na lua?

Vejo algum clarão
a refulgir no horizonte
e arquiteturas de descrer
os códigos, a vida...

Nada está pronto
há algo de transparente
impreciso, que emoldura
a névoa de tudo. 

Comentários

  1. Caríssimo J.Ribas,

    Primeiro quero agradecer sua visita e seu comentário tão gentil. Sou treineiro ainda e quem sabe um dia chego a encantar pelas letras. Gostei de vir aqui e conhecer o seu já encantador trabalho. Sua última estrofe define bem o jeito consciente de sua poesia.

    "Nada está pronto
    há algo de transparente
    impreciso, que emoldura
    a névoa de tudo. "

    E há mesmo algo de muito transparente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado Oswaldo Antônio Begiato,

      Para um um "treineiro" o poeta fala com a voz e a modéstia dos mestres, que já encanta sim, pela lucidez do verso contundente e inquieto. Sinto-me honrado de ter essa voz nesse espaço de ideias e experimentos poéticos, deixo o meu cordial abraço e inegável apreço. Escrever é um ofício inglório, que em raras ocasiões, como agora, vale a pena persistir. Obrigado!

      J. Ribas

      Excluir

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...