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POINT NOIR

As pedras me doem
como também as nuvens
viajo águas de tempos
diluídos na espuma,

Quanto sei de mim 
que deva compor razões
para aquietar as ondas
de marés incertas?

Quanto de não saber
flutua em promontórios
cavados de proposições                     
que prendi na lua?

Vejo algum clarão
a refulgir no horizonte
e arquiteturas de descrer
os códigos, a vida...

Nada está pronto
há algo de transparente
impreciso, que emoldura
a névoa de tudo. 

Comentários

  1. Caríssimo J.Ribas,

    Primeiro quero agradecer sua visita e seu comentário tão gentil. Sou treineiro ainda e quem sabe um dia chego a encantar pelas letras. Gostei de vir aqui e conhecer o seu já encantador trabalho. Sua última estrofe define bem o jeito consciente de sua poesia.

    "Nada está pronto
    há algo de transparente
    impreciso, que emoldura
    a névoa de tudo. "

    E há mesmo algo de muito transparente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado Oswaldo Antônio Begiato,

      Para um um "treineiro" o poeta fala com a voz e a modéstia dos mestres, que já encanta sim, pela lucidez do verso contundente e inquieto. Sinto-me honrado de ter essa voz nesse espaço de ideias e experimentos poéticos, deixo o meu cordial abraço e inegável apreço. Escrever é um ofício inglório, que em raras ocasiões, como agora, vale a pena persistir. Obrigado!

      J. Ribas

      Excluir

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CÔMPUTO

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me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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