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EM TRANSE

No espaço improvável
entre os dedos e o teclado
a viagem recomeça,
de um questionável universo
gotejam estrelas sem nome;

Medito as sábias palavras
do Mestre Zen, esqueço-me
quem sou, o que seria,
o que se tem por certo
é alínea do imprevisto;

Tentei crer em promessas
com algumas lutei, não venci
chove a estação do adverso
entre retratos banidos
e memórias sem perfume;

Ciganas em transe de luz
evocam os seus vaticínios  
sereias ofuscam a lucidez
com seu canto obscuro,
no mar, a escuridão dorme;
                                                                                                                     
Ainda há lugar no paraíso
ao bem-aventurado desvario
desnudar o caos humano,
as regras de bem viver,
enquanto surgem galáxias;

Vejo um espaço em branco
ruas estreitas, sem chão
sigo entre olhos atentos,
uma vez ou outra, suspiros...
e o mundo explode sem voz;

Sete dias na semana, o vazio
um mês inteiro, uma vida
festas marcadas no calendário,
perguntas esticadas ao sol
na pele rugosa do desejo;

Volto a girar a realidade
a moça caminha sem pressa
o cão ladra dias esquivos,
no casulo, algo de ser livre
eclode para além da borboleta...

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PAISAGEM

fragmentos de nenhum plenitudes de migalhas e sabor de poucos azuis, minha paisagem cruza dos contornos do agora Pano Branco by João Carlos in www.blckdmnds.com às espacialidades  nuas, transpondo os mundos e os revirando em mar de um imergir miragens,                           lançando-se ao absorto para colher das estórias a que não será contada, sei pouco de horizontes e paralelos e contrastes nesse olhar de sombras, minha voz é do silêncio carcereiro das palavras que não alcanço libertar.

ESTANTE

Colaboração de Rita Carvalho   em desenho de  Raquel Pinheiro (clique para ampliar) ando a procurar inspiração me fogem as palavras, como dizê-las? as razões e os modos desaprendi; o único caminho que sigo, ainda, é entre incertezas; guardava poetas na estante mas hoje os guardo lendo a vida e reconheço, viver é intraduzível; o único caminho que sigo, mesmo, é entre asperezas; tem momentos em que o silêncio faz gritar a poesia com palavras que não se escrevem... não quero descobrir os caminhos, apenas ter a luz acesa.

CICLO e outro poema

CICLO Não tenho o que fazer E então imagino versos Melhor do que guerras É reinventar universos Melhor que navegar só Ter palavras na vereda Mais denso que cálculo Ou musa que interceda À falta de aventurar-se Enlouqueceram muitos Já desaprendi as regras Dos contratos fortuitos Deixo a cargo do acaso Redescobrir a liberdade As cores de pintar o céu As paródias da verdade Não preciso saber muito Nem desejo saber nada Nada tenho a que fazer E reinicio quando acaba. DESEJO ambicionava montanhas na minha cidade não há assim invento mergulhos, e me preencho de alturas que não posso escalar... precisava de temperança na minha cobiça não cabe assim, me rendo à gula, e tomo o mundo com ganas mesmo que não o engula... a necessidade me leva em busca de uma alquimia de transmutar os enganos, e me aferro à lacuna ...