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EM TRANSE

No espaço improvável
entre os dedos e o teclado
a viagem recomeça,
de um questionável universo
gotejam estrelas sem nome;

Medito as sábias palavras
do Mestre Zen, esqueço-me
quem sou, o que seria,
o que se tem por certo
é alínea do imprevisto;

Tentei crer em promessas
com algumas lutei, não venci
chove a estação do adverso
entre retratos banidos
e memórias sem perfume;

Ciganas em transe de luz
evocam os seus vaticínios  
sereias ofuscam a lucidez
com seu canto obscuro,
no mar, a escuridão dorme;
                                                                                                                     
Ainda há lugar no paraíso
ao bem-aventurado desvario
desnudar o caos humano,
as regras de bem viver,
enquanto surgem galáxias;

Vejo um espaço em branco
ruas estreitas, sem chão
sigo entre olhos atentos,
uma vez ou outra, suspiros...
e o mundo explode sem voz;

Sete dias na semana, o vazio
um mês inteiro, uma vida
festas marcadas no calendário,
perguntas esticadas ao sol
na pele rugosa do desejo;

Volto a girar a realidade
a moça caminha sem pressa
o cão ladra dias esquivos,
no casulo, algo de ser livre
eclode para além da borboleta...

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me devoto ao impossível tanto quanto creio no tempo e seja próprio do existir o embate inútil das ideias, me devoto aos artifícios Michal Mackú como se a derme calcificada da alma, toda se adequasse em mimetismos e disfarces, no indissolúvel contrato do desencontro, e do vazio tudo é uma espera constante enquanto se macera a vida, mas o espetáculo continua seja noite ou tempestade e o que movimenta a máquina ao menos também a pulveriza...

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Me desfiz de mim há algum tempo esse que tropeça entre móveis, gestos é outro mais incerto, Aposto aos dias às horas mornas cego e absoluto Menino Sentado - Portinari de vazios, equívocos viagens sem retorno, Faísca em geleiras seu coração rude mãos calejadas                         o arado nas pedras a trespassar o desejo, Abala os montes acordos, os mitos apura a veleidade inútil das esperas, do sonho impossível, Falho de verdades à beira do abismo entre asa e vento segue o caminho, é outro mais incerto.